quarta-feira, 28 de outubro de 2009

RESPEITO À DIVERSIDADE NA ESCOLA

MEC recomenda que escolas de todo o Brasil aceitem nome social de trans

Por Redação



O Ministério da Educação (MEC) enviou na semana passada um ofício às secretarias estaduais de Educação de todo o Brasil recomendando que elas passem a aceitar os nomes sociais de alunas travestis e transexuais. Ainda não é uma ordem a ser seguida obrigatoriamente, mas pode ser considerado um bom começo.

A decisão de fazer a recomendação surgiu durante um seminário sobre homofobia nas escolas realizado na última quinta-feira, 22, pela Câmara dos Deputados, em Brasília. “Quando a escola rejeita o nome social agride a pessoa. Não querem o acolher assim”, disse o secretário do MEC André Lázaro (foto) no evento.

Ele foi o responsável por enviar a recomendação ao Conselho Nacional de Secretários de Educação para que as secretarias passem a aceitar o nome social da população escolar trans em chamadas de sala de aula e matrículas. Essa medida é uma forma de combater a transfobia, principal motivo de evasão escolar dentro do segmento das travestis e transexuais.

O PARÁ FOI PIONEIRO EM ACEITAR O NOME SOCIAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO ATO DA MATRÍCULA NAS MAIS DE 1.216 ESCOLAS DA REDE ESTADUAL.


RESPEITO À DIVERSIDADE NA ESCOLA


MEC recomenda que escolas de todo o Brasil aceitem nome social de trans

Por Redação



O Ministério da Educação (MEC) enviou na semana passada um ofício às secretarias estaduais de Educação de todo o Brasil recomendando que elas passem a aceitar os nomes sociais de alunas travestis e transexuais. Ainda não é uma ordem a ser seguida obrigatoriamente, mas pode ser considerado um bom começo.

A decisão de fazer a recomendação surgiu durante um seminário sobre homofobia nas escolas realizado na última quinta-feira, 22, pela Câmara dos Deputados, em Brasília. “Quando a escola rejeita o nome social agride a pessoa. Não querem o acolher assim”, disse o secretário do MEC André Lázaro (foto) no evento.

Ele foi o responsável por enviar a recomendação ao Conselho Nacional de Secretários de Educação para que as secretarias passem a aceitar o nome social da população escolar trans em chamadas de sala de aula e matrículas. Essa medida é uma forma de combater a transfobia, principal motivo de evasão escolar dentro do segmento das travestis e transexuais.

O ESTADO DO PARÁ FOI PIONEIRO NO RECONHECIMENTO EM TODAS AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO NOME SOCIAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO ATO DA MATRÍCULA.






terça-feira, 27 de outubro de 2009

A diversidade sexual na escola : produção de subjetividade e políticas públicas


Este estudo investiga os efeitos dos enunciados das atuais políticas públicas acerca da diversidade sexual propostos para a educação, principalmente através do Programa Brasil Sem Homofobia. A análise das práticas instaladas no cotidiano escolar tem como foco compreender efeitos da proposição de uma educação inclusiva e não sexista particularmente no que tange à homofobia. A pesquisa foi realizada em duas escolas da rede pública de Porto Alegre, uma estadual e a outra municipal, onde foram realizadas observações do cotidiano escolar e entrevistas com professores/as. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de uma orientação genealógica utilizando a produção teórica de Michel Foucault como meio de refletir sobre as condições de possibilidade do surgimento e da implantação destas políticas públicas e seus efeitos nas práticas escolares. Nestas práticas existe um lugar bem marcado para o outro, a lógica geralmente utilizada se refere a um ideal, o que deveria ser, o esperado - a heteronormatividade. Diferentes discursos são utilizados para manter o diferente em um lugar distanciado. A proposta de inclusão está vinculada a uma carência, desvantagem, desvio, do indivíduo que necessita da intervenção do processo inclusivo. As justificativas da intervenção estatal são de proteção e constituem um lugar para a população alvo como o de pessoas em risco e vulnerabilidade. A conquista de direitos jurídicos se mostrou fundamental para a garantia de espaços e legitimidade e há uma apropriação pelas/os professoras/es do discurso jurídico de direitos humanos e de direitos sexuais. A possibilidade de inclusão dos diferentes/diversos sexuais está amparada no enunciado de que todos têm direito à escolarização, porém um questionamento que se apresenta acerca da proposta de inclusão é sua utilização como uma prática de tolerância e tentativa de acabar com as diferenças tendo como referência à normalidade. Enunciados homofóbicos e sexistas estão profundamente articulados com os de discriminação de classe e etnia, desigualdades se sobrepõem e se reforçam.

Leia o trabalho na íntegra:

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16340/000699460.pdf?sequence=1

Conferência Estadual de Educação 2009 e Diversidade Sexual: onde avançamos e onde podemos avançar?

A Diversidade Sexual finalmente aparece como algo importante na Educação e faz parte de cinco propostas deliberadas na 1ª Conferência Nacional da Educação Básica, realizada em abril de 2008, em Brasília. O documento final com todas as propostas ficou pronto neste ano e traz preocupações como o tratamento correto sobre as questões de gênero, homofobia e orientação sexual no cotidiano escolar. A Conferência teve como objetivo discutir a educação brasileira com todos os setores ligados à educação básica, a fim de melhorar o ensino e promover o efetivo aprendizado em sala de aula. Pessoas que trabalham ou estudam a Educação e estejam interessadas em um exemplar do documento podem enviar um e-mail para conferencia@ mec.gov.br. A tiragem é 220 mil exemplares. As políticas de inclusão e diversidade na educação básica deverão: 1) Realizar constantemente a análise de livros didáticos e paradidáticos utilizados nas escolas - conteúdos e imagens -, para evitar discriminações de gênero e de diversidade sexual e, quando isso for constatado, retirá-lo de circulação. 2) Desenvolver e ampliar programas de formação inicial e continuada em sexualidade e diversidade, visando a superar preconceitos, discriminação, violência sexista e homofóbica no ambiente escolar, e assegurar que a escola seja um espaço pedagógico, livre e seguro para todos e todas. 3) Rever e implementar diretrizes, legislações e medidas administrativas para os sistemas de ensino promoverem a cultura do reconhecimento da diversidade de gênero, identidade de gênero e orientação sexual no cotidiano escolar. 4) Garantir que a produção de todo e qualquer material didático-pedagó gico incorpore a categoria "gênero" como instrumento de análise, e que não se utilize de linguagem sexista, homofóbica e discriminatória. 5) Inserir os estudos de gênero e diversidade sexual no currículo das licenciaturas.

Estudo da Faculdade de Educação da USP mostra que livro didático não prima pela diversidade sexual

"O papel de problematizador e orientador do debate, que cabe ao educador, é essencial para que os adolescentes aprendam a refletir e tomar decisões coerentes com seus valores, no que diz respeito à sua própria sexualidade, ao outro e ao coletivo, conscientes de sua inserção em uma sociedade que incorpora a diversidade."
A declaração acima, parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental II (quinta a oitava séries) do Ministério da Educação (MEC), mostra que as escolas têm o dever de debater orientação sexual com seus alunos. Mas, de acordo com a pesquisa Qual a Diversidade Sexual dos Livros Didáticos Brasileiros?, coordenada pela professora Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB), com a participação de docentes e pesquisadores da USP, não é isso que ocorre. Quando se trata de diversidade sexual, os professorres ainda não estão preparados para abrir o debate e muitas vezes são omissos em relação a preconceitos dentro da sala de aula.
"Dissertações já concluídas e teses em andamento que oriento mostram que a escola pouco questiona a violência física e verbal sofrida por estudantes homossexuais. Como disse o professor Ramires Neto [participante da pesquisa], permite-se que a experiência educacional de tais estudantes se transforme num verdadeiro 'inferno', relegando-os a um não-lugar", explica Cláudia Vianna, professora da Faculdade de Educação (FE) da USP e uma das docentes que fazem parte da pesquisa sobre livros didáticos. Ela explica que a omissão do assunto é tão preconceituosa quanto a repressão da diversidade. Assim, o aluno não consegue se identificar com uma figura carismática que não seja heterossexual. Mesmo quando são mencionadas outras orientações, isso é feito, na maioria das vezes, como anedota para chamar a atenção dos alunos, e não como forma de abertura para a discussão.

Por: Tatiane Ribeiro / USP Online
tatiane.ribeiro@usp.br

Leia mais: Parâmetros Curriculares Nacionais - Orientação Sexual

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/orientacao.pdf

Ministério da Educação vai distribuir livro sobre diversidade sexual em escolas

O Ministério da Educação, que está envolvido no programa federal Brasil Sem Homofobia, distribuirá livro que apresenta o homossexualismo como mais uma alternativa de vida. A iniciativa começará pelo Estado do Rio de Janeiro, onde cerca de 1.600 escolas estaduais receberão um material “educativo” sobre como valorizar a diversidade sexual dentro do ambiente escolar.
O livro “Diversidade Sexual na Escola”, de Alexandre Bortolini e publicado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), servirá como instrumento para os professores abordarem questões homossexuais em sala de aula. As questões tratadas abrangerão sexualidade, gênero, comportamento, religião, ética e violência.
O objetivo do Ministério da Educação ao distribuir o livro nas escolas é fazer com que educadores e alunos percam quaisquer visões contrárias ao comportamento sexual e se abram para uma nova perspectiva na questão da homossexualidade, travestilidade e transexualidade na escola.
O projeto, incluindo o livro, foi financiado pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). A distribuição será feita a partir de uma parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, conforme informações do site “Não Homofobia!”

www.naohomofobia.com.br

Escola para todos e todas, com justiça e respeito!

Educação e Diversidade Sexual

Henrique Caetano Nardi (Professor do Departamento e do Mestrado em Psicologia Social
e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul)


No Brasil, a intensidade das formulações homofóbicas e heterossexistas presentes nas escolas é alarmante. Estudo recente1 da UNESCO, envolvendo estudantes brasileiros do ensino fundamental, seus pais e professores, aponta para um alto grau de rejeição à homossexualidade na comunidade escolar. As conclusões da pesquisa afirmam que um terço de pais de alunos e um quarto dos próprios alunos não gostariam que homossexuais fossem colegas de escola de seus filhos (essa taxa de rejeição chega a 60% em alguns estados). Nessa mesma pesquisa, foram selecionadas pelos estudantes do sexo masculino seis formas de violência por ordem de gravidade. A hierarquização deveria ser estabelecida entre as seguintes opções: atirar em alguém, estuprar, usar drogas, roubar, andar armado e espancar homossexuais. A agressão contra homossexuais ocupou o 6º lugar, como a ação “menos grave” que se pode praticar no ambiente escolar. Outro trabalho realizado pela UNESCO2 sobre os valores sociais dos professores mostrou que, embora a maioria dos professores concorde com a introdução de temas contemporâneos no currículo, tais como prevenção ao uso de drogas, saúde reprodutiva e violência; muitos ainda tratam a homossexualidade como perversão, doença e deformação moral, colaborando - pela via do silêncio ou de posturas negligentes em relação aos insultos e aos maus tratos - para a reprodução da violência associada à homofobia.
De acordo com Borrillo “a homofobia é uma manifestação arbitrária que consiste em designar o outro como contrário, inferior ou anormal. Sua diferença irredutível o coloca em outro lugar fora do universo comum dos humanos” (BORRILLO, 2000, p. 3). As manifestações da homofobia estão presentes em culturas nas quais a experiência do respeito ao outro na sua diversidade é pouco exercitado. Nossa sociedade é marcada por uma forte desigualdade (cuja marca da escravidão ainda se faz presente de forma vigorosa), a qual conjuga o desrespeito às formas não heterossexuais de sexualidade com a origem de classe, a cor e a etnia.
Resultados de pesquisas realizadas em várias partes do mundo3 apontam para a relação entre cultura homofóbica e alto índice de suicídio e de sofrimento psíquico (o qual pode se apresentar sob a forma de comportamentos de risco como o uso abusivo de drogas, sexo sem proteção e violência) entre os jovens gays, lésbicas e transexuais. Estes estudos apontam para uma dinâmica do sofrimento derivada da incorporação pelos jovens da homofobia presente na sociedade levando à construção de uma imagem negativa de si mesmos.
Na direção do enfrentamento das formas de produção do sofrimento psíquico nos jovens não heterossexuais e no sentido de colaborar para a produção de uma cultura de respeito aos direitos sexuais como direitos humanos nos associamos enquanto pesquisadores (o nós aqui se refere a meu grupo de pesquisa) à formação “Educando para a Diversidade” construída em parceria pela Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul e coordenada pela ONG Nuances4.
O objetivo do conjunto de ações que compõem este projeto visa a formar professores da rede de ensino e construir estratégias de combate à homofobia no contexto da escola. O projeto em questão foi aprovado e conta com o financiamento do Ministério da Educação, enquadrando-se no âmbito de ações do programa “Brasil sem Homofobia” do Governo Federal.
A análise5 inicial dos efeitos desta formação é muito positiva. O caráter inovador da experiência foi ressaltado pelos participantes da primeira turma (professoras e professores das escolas públicas da rede municipal), uma vez que a proposta pedagógica do projeto foi construída a partir de uma perspectiva de trocas entre professoras(es) das escolas públicas, pesquisadoras(es) e militantes de grupos LGBT.
Os relatos das experiências de enfrentamento do preconceito por parte de lésbicas, transexuais-transgêneros-travestis e gays foram particularmente valorizados pelas(os) professoras(es). Entretanto, se o ganho para a aprendizagem pessoal é considerado importantíssimo e transformador, as(os) professoras(es) ainda se encontram muito receosas(os) em relação às formas possíveis de intervenção nas suas escolas de origem.
As(os) participantes compreendem que não existe uma fórmula única aplicável a todas as situações e o receio não deriva de dificuldades relacionadas às metodologias de intervenção. O receio tem origem no medo resultante de experiências vividas na escola pelo simples fato de freqüentar a formação, o que gera a suspeita dos colegas; ou seja, como se o fato de intervir no campo do combate à homofobia, imediatamente produzisse um contágio (elas(es) passam a ser identificadas(os) como homossexuais). Além deste “efeito de contaminação” (o que as(os) expõem ao mesmo preconceito que elas(es) pretendem enfrentar), existe uma sensação de falta de informação. Acreditamos que, para além do fato de muitas vezes a formação ter sido a primeira vez que estas(es) professoras(es) tiveram a oportunidade de refletir mais intensamente sobre a sexualidade, esta demanda de informação indica um lugar de professor que seria aquele que tudo sabe e para o qual a dúvida é um atestado de incapacidade. Como conseqüência desta incapacidade situada no campo da informação, se anuncia a necessidade permanente de um especialista. A psicologia é particularmente demandada neste lugar e buscada pelas(os) professoras(es) como uma forma de legitimação a partir de um regime de verdades que traça linhas nítidas entre o normal e o patológico no campo da sexualidade; percebemos, ainda, em algumas(uns) participantes, uma obsessiva busca de explicações para a “causa” da homossexualidade. Esta demanda se explica também pela necessidade de justificar estrategicamente as ações propostas na escola a partir da legitimidade do “discurso científico”. Este “receio da intervenção” foi discutido permanentemente durante todo o período do projeto, entretanto, apesar do sucesso dos formadores em desnaturalizar certos preconceitos e medos, este receio indica a necessidade de uma educação continuada de maior envergadura para os professores da rede.
O projeto que analisamos (um dos 15 financiados pelo MEC em todo o território nacional) tenta, de certa forma, estimular a implementação dos “Parâmetros Curriculares Nacionais” (publicados em 1995) nos quais a sexualidade é anunciada como um tema transversal. O documento que descreve os parâmetros prevê que o conteúdo de diversas disciplinas integre a sexualidade de maneira articulada com outros temas, como a ética, a saúde, o gênero, a ecologia e a pluralidade cultural. Entretanto, existem visões distintas entre os pesquisadores deste campo sobre a incorporação ou não dos parâmetros à cultura da escola; segundo algumas autoras, a motivação governamental para a inclusão da temática se deu, principalmente, com a intenção de prevenir à AIDS/DSTs e a gravidez na adolescência e não a partir de uma lógica de respeito aos direitos sexuais enquanto direitos humanos.
Os parâmetros se inscreveriam, portanto, em um modelo de educação sexual já presente e marcado pelo domínio da biologia (uma ciência da sexualidade – uma scientia sexualis, como dizia Foucault), dentro do qual a discussão da construção social da sexualidade e da diversidade de orientação sexual é ainda marginal ou ausente. Além disso, mesmo os programas dirigidos à prevenção das DSTs/AIDS são usualmente propostos fora dos horários de aula e representam intervenções breves e pontuais. Cabe ainda ressaltar que os professores não foram formados para desenvolver discussões no domínio da sexualidade; problema que é agravado pela presença disseminada de preconceitos de ordem moral.
A partir do exposto acima, acreditamos que as atividades de formação devem ser continuadas e buscar a reflexão permanente das(os) professoras(es) quanto ao seu papel ético na formação das(os) estudantes, pois como representantes do Estado, elas(es) têm um papel fundamental no combate a toda forma de discriminação. Tanhia (2005) aponta de forma clara a necessária intervenção da escola, uma vez que:
“Se os adolescentes LGBT se sentem vulneráveis no seio da escola, é também porque eles o são face a suas famílias. Entretanto, se consideramos a escola como essencial ao desenvolvimento das crianças; que ali passam uma parte não negligenciável de suas vidas, e que ali devem poder se sentir em segurança e se realizar, nós temos o direito de exigir que o sistema educativo leve em consideração os adolescentes LGBT, os quais se encontram sem referências, reconhecimento e/ou em sofrimento” (TANHIA, 2004, p.132).
É neste sentido que se faz fundamental refletir sobre o papel das políticas públicas na defesa da igualdade de direitos e do respeito à diversidade sexual e de afirmar a importância da psicologia neste debate.

1 A pesquisa conduzida pela UNESCO realizada em 15 capitais brasileiras envolvendo 16.422 estudantes, 241 escolas, 4.532 pais e 3.099 professores e funcionários de escolas atesta os efeitos da falta de formação no campo da sexualidade e a extensão da rejeição da homossexualidade. Os resultados da pesquisa não são homogêneos, mostrando a diversidade de situações no Brasil de acordo com a região e o sexo do entrevistado. Por exemplo, em Porto Alegre, 42% dos jovens do sexo masculino afirmam ter preconceitos contra os homossexuais contra 13% das jovens (número este que reforça a hipótese de Butler com relação ao papel da dominação masculina na incorporação melancólica da homossexualidade na cultura). Os pais de alunos também não fogem à tendência, em Fortaleza 47% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem colegas homossexuais contra 22% em Porto Alegre. Em relação aos professores e funcionários, 5,9% em Brasília e 1,2% em Porto Alegre declaram não desejar ter estudantes homossexuais (ABRAMOVAY, M.; CASTRO M. G. & SILVA, L. B., 2004).
2 A UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) realizou em 2004 outra pesquisa com os professores brasileiros nas 27 Unidades da Federação. O trabalho teve por objetivo traçar um perfil dos professores do ensino fundamental e do ensino médio, em escolas das redes pública e privada, contemplando algumas de suas características sociais, econômicas e profissionais, os questionários foram respondidos por 5.000 docentes (representando um universo de 1.698.383 professores), 82,2% da rede pública e 17,8% da rede privada.
3 VERDIER, É. & FIRDION, J-M. Homosexualités & suicide. Les jeunes face à l´homophobie. Paris : H & O éditions, 2003.
4 Com a colaboração do Depto. de Psicologia Social e Institucional e do PPGPSI (Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
5 Realizada por meio de grupos de reflexão com os professores participantes e de diários de campo da observação do desenrolar da formação nos três meses de duração da formação (foram três meses com dois encontros de três horas por semana). Neste projeto são previstas duas turmas. A primeira turma já encerrou a formação, mas ficou evidente a necessidade de um suporte continuado para as intervenções propostas nas escolas.